N ão creio que seja verdade o que dizem, que ao viajar alguém se possa transformar em outra pessoa. O que acontece é que nos livramos de nós mesmos, das nossas obrigações e do nosso passado, tal como reduzimos tudo o que possuímos aos poucos objectos necessários que vão dentro da mala. A parte mais pesada da nossa identidade sustenta-se sobre o que os outros pensam de nós. Olham-nos e sabemos que sabem, e no silêncio forçam-nos a ser o que esperam que sejamos. António Muñoz Molino
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